
No ano de 1968, no Brasil autoritário as entranhas do regime pariram o AI-5, enquanto isso, na terra do Sol Nascente a Honda apresentava ao mundo um novo paradigma em motos, a CB 750 Four, que no país do carnaval e do jogo do bicho ganhou o apelido de Sete Galo. Motor de quatro cilindros em linha, quatro escapamentos cromados, partida elétrica, freio a disco de acionamento hidráulico, câmbio de cinco marchas e um urro inconfundível eram os principais atrativos da máquina.
A CB 750Four chegou ao Brasil em setembro de 1969, tornando-se referência em alta cilindrada. Durante a década de 1970 e início dos anos 80, a sete galo foi a Beth das motocicletas: todos queriam Beth /desejavam Beth /sonhavam com Beth/mas ela nem ligava. A 750 da Honda ligava. Ligada respondia alto e forte à torção do manete do acelerador, oferecendo uma potência de 67 cv e 200 km/h de velocidade máxima.
Em 1983, no Salão de Paris, a Honda apresentou a moderna CBX 750 F, herdeira de 17 anos de evolução da pioneira CB 750, que em abril de 1986 chegou ao mercado brasileiro.
Disponível apenas na cor preta, a moto era a versão comercializada na Europa e EUA montada na Zona Franca de Manaus, com índice de nacionalização próximo a zero. O motor passou por uma tropicalização para aceitar nossa gasolina com álcool, que lhe custou 9 cv. Ela chegou ao mercado a Cz$ 129.290 (cruzados), em valores atuais cerca de R$ 20.500. Seria barata se não fosse por um detalhe inaugurado no Plano Cruzado idealizado pelo governo Sarney: o ágio. Desejada por motociclistas de todo Brasil, na prática a CBX 750F era vendida a Cz$ 400.000, ou seja, US$ 29.050 (cerca de R$ 60.000 em valores atuais). Por isso recebeu o título pouco elogiável de “a 750 mais cara do mundo”.
A versão nacionalizada se manteve praticamente inalterada por quatro anos, apenas com o índice de nacionalização sendo gradativamente elevado. Em 1990 foi lançada a última versão da Sete Galo nacional, batizada de Indy.



