1 de out. de 2009

O Lado escuro do sol

Conselho de seu pai "motocicleta é perigoso Vital. É duro te negar filho, mas isto dói bem mais em mim". Fragmento da letra Vital e sua Moto (Herbert Vianna)

Quem já pegou a estrada emoldurada pelo primeiros raios de sol, no comando de uma máquina confiável, que desliza suave no tapete de britas e pinche com estabilidade e precisão, conhece com exatidão o sabor da vida sobre duas rodas. Entretanto, ingredientes como postura irresponsável no trânsito, cidade entupida de veículos, uso de bebidas alcoólicas e outras drogas têm, cada vez mais, privado um número maior de motociclistas de degustar o próximo nascer-do-sol.
De acordo com dados do Hospital de Urgência de Goiânia, a cada meia hora acontece um acidente envolvendo motocicletas na capital. Diariamente são realizadas cerca de 20 cirurgias no HUGO, cinco em vítimas de acidentes envolvendo motocicletas. Dos aproximadamente 900 atendimentos diários do Hospital de Urgência, 46 são de motociclistas. Lesões de extremidades em membros inferiores e superiores lideram o número de atendimentos, seguidas de lesões no tórax e traumatismo craniano.
A capital goiana é a segunda cidade brasileira em número de mortes de motociclistas vítimas de acidentes de trânsito, segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde. Uma morte a cada dois dias, que vitima, geralmente, jovens do sexo masculino com faixa etária entre 18 e 35 anos de idade. Seqüelas, membros amputados, meses em leitos hospitalares, sofrimentos de familiares em UTIs e mortes que poderiam ser evitadas com uma postura mais responsável no trânsito. Mas, infelizmente, a insensatez faz com que alguns motociclistas troquem o couro pelo gesso, o banco da máquina por uma limitante e desconfortável cadeira de rodas.
Cerca de 80% dos acidentes de trânsito no Brasil são consequências diretas ou indiretas da embriaguez alcoólica. O álcool na corrente sanguínea provoca o comprometimento da percepção e o retardamento dos reflexos. A dosagem excessiva resulta na perigosa diminuição da percepção e na total lentidão dos reflexos, o que reduz a consciência do perigo.Quanto mais álcool a pessoa consumir, mais comprometidas ficarão as habilidades para pilotar.

Emoção com segurança

As máquinas de duas rodas, ao longo das décadas, têm abrigado motores cada vez mais potentes e compactos, exigindo perícia e agilidade do piloto. Seduzido pela indescritível sensação de liberdade, da virilidade do cavalo aliada à potência e perfeita integração homem/máquina, um número crescente de pessoas tem aderido ao desafio de cavalgar uma motocicleta.
Somente quem já experimentou o vento no rosto, o roncar indócil do motor comandado por mãos seguras, a paisagem passando como que acionada a tecla “f.f.” e o deslizar suave dos pneus sobre o asfalto sabe o sentido de se pilotar uma dessas máquinas. O corpo acompanhando o balé harmonioso, desafiando a lei da gravidade sobre duas rodas e um motor a separá-las.
Generosa em oferecer doses brutais de liberdade, emoção e prazer, a motocicleta, por outro lado, coloca piloto e passageiro em posição mais vulnerável em relação ao trânsito. Portanto, para que essas agradáveis sensações não se transformem em tragédia é necessário observar alguns procedimentos indispensáveis a uma pilotagem segura.
Use sempre todos os equipamentos de segurança. Capacetes de cores vivas com adesivos refletivos e bem justos à cabeça, blusão de couro ou de tecido resistente, luvas de couro, calça comprida de tecido resistente, botas de couro e cano alto, para proteger o tornozelo, são acessórios indispensáveis à segurança de piloto e passageiro.
A motocicleta deve ser inspecionada diariamente. O farol deve ser mantido aceso, mesmo durante o dia. O motociclista e a sua máquina devem estar visíveis ao espelho retrovisor do veículo à frente, evitando o chamado “ponto cego” do motorista.
Tomadas essas precauções, resta amarrar a mochila na garupa e pegar a estrada. Easy Rider!